27 novembro 2002

O texto abaixo caiu como um luva pra mim...
Tenho sérios problemas com a gramática... deslizes na língua escrita são uma constante em minha vida, isso me deixa muito triste e frustrada.
Peço mil desculpas à minha complicada, mas linda e incrível língua portuguesa, gosto muito de ti, podemos fazer maravilhas com vc, mas não posso deixar da admitir que tenho muito a aprender para a lidar perfeitamente com vc. Prometo a mim mesma, me empenhar bastante, prestando mais atenção e cuidado. Talvez alguns erros podem ser perdoados na língua oral (como diz o texto abaixo), mas realmente na língua escrita é inadimissível. Tenho muito apreço pelo português bem falado e escrito.
Mas, vivendo e aprendendo.
Nélida Piñon, uma das maiores escritoras brasileiras da atualidade, tinha sempre uma lista com as palavras que ela tinha dificuldade de lembrar ou escrever, palavras do cotidiano, mas que a confundiam... esse é um projeto para ser colocado em prática imediatamente.

+Sites companheiros da nossa língua:
Manual de Redação do Estadão
Manual de Redação da Folha de SP
Nossa Língua Portuguesa

A companheira gramática (Augusto Nunes - no minimo)

O professor Pasquale Cipro Neto lembra um aplicado botânico especialista no cultivo da última flor do Lácio. Prefere exibir os encantos do idioma, mas sabe defendê-lo ferozmente de crases atrevidas ou verbos que entram sem convite. Ele se vem desdobrando nos últimos anos, em colunas nos jornais e programas de rádio e televisão, para explicar o que é certo e errado em português. Leitores, telespectadores e ouvintes parecem ter aprovado o estilo do mestre.

É craque em lições que abrandam o medo de nativos perdidos na floresta de normas ortográficas e gramaticais. Como evitar trapalhadas no uso de verbos ? ?ver? e ?vir?, por exemplo ? que costumam provocar confusão? Pasquale explica que, se estamos falando de olhares, não se deve dizer ?quando eu ver? e, sim, ?quando eu vir?. De passagem, sempre na linguagem acessível que lembra o sorriso do sábio, Pasquale ensina a hora exata de recorrer a um ?vier?.

Para multidões de brasileiros, aulas do gênero são sempre bem-vindas. Mas não passam de trivialidades para quem, como Pasquale, desfila na comissão de frente do Bloco dos Filhos de Camões. Para que tal condição fique clara, ele costuma exibir-se em malabarismos vernaculares capazes de induzir um Antônio Houaiss a sair em busca de dicionários.

Mas o PT mudou, Lula mudou, os empresários mudaram, o país mudou, certo? Por que Pasquale não mudaria também? No domingo, em entrevista ao repórter Jorge Bastos Moreno publicada no jornal O Globo, o homem que ensina português decretou que, depois da vitória da Lula, as regras deixaram de valer para a linguagem oral. Está certo, agora, falar errado. O leitor de Pasquale deve aproveitar as lições só quando estiver escrevendo. Falando, liberou geral.

?Lula fala a língua do Brasil e fala bem?, afirma Pasquale. ?Esse é o português falado no Brasil e 99,9% dos brasileiros dizem ?acabou as fichas? ou ?falta dez?. Não concordam o verbo com o sujeito. Aliás, eu não quero falar dele, porque tudo que se fala do pobre do Lula já é motivo para pegação no pé?.

A declaração contém detalhes reveladores. Pasquale fez as contas e concluiu que só 180 mil brasileiros (um Maracanã e meio) falam corretamente. Ele e mais 179.999. O restante dos 180 milhões imita o estereótipo do paulistano popularizado pelo carioca: ?Me dá um chops e dois pastel?. Seria mais fácil bestificar os pedantes que educar os semi-alfabetizados verbais --- é isso o que sugere o professor?

Valendo-se de expressões vulgares como ?pegação no pé?, Pasquale procura identificar-se com as camadas humildes da população, das quais é originário aquele que chama de ?pobre do Lula?. Por que qualificar assim um presidente eleito? É coisa de elitista. Ou de bobo.

Em recente encontro com intelectuais e artistas, Lula soltou um ?sine qua non?, virou-se para Chico Buarque e sorriu. ?Lembra quando eu falava ?menas? laranjas??, brincou. Ele também costumava enfiar um ?de? inexistente depois de quase todos os verbos, transformando-os em transitivos indiretos. ?Eu acho de que...?, ?eu acredito de que...? Melhorou sensivelmente.

Decerto lhe foram dizendo que não era assim que se falava, que aquilo não se dizia. E o menino nascido em Caetés, que não teve tempo nem dinheiro para estudar como se deve, assimilou várias lições. Ele sempre aprendeu com agilidade. O ?de? indevido agora é mais raro. Nunca mais disse ?menas?. Lula, claro, poderá ser um ótimo presidente sem dominar a linguagem culta. Mas deve esforçar-se para falar cada vez melhor o idioma do seu país.

Para tanto, é essencial ignorar quem consegue elogiar até seus erros de português.

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