Em 2009, o agente imobiliário de 26 anos John Maloof pagou em um leilão $400 numa caixa cheia de negativos de fotos do cotidiano da cidade de Chicago, pois estava fazendo uma pesquisa para documentar a história do principal parque da cidade, o Portage Park. (um tesouro!)
Quando começou a escanear os negativos percebeu que, mesmo não entendendo muito sobre a arte, as fotografias pareciam trabalho de um fotógrafo profissional. Na mesma hora fez um post em uma comunidade de fotografia de rua no flickr, perguntando se aquele material tinha algum valor artístico e o que fazer com os mais de 40.000 negativos que tinha comprado, entre eles vários rolos de filmes ainda não revelados. Foi assim que o nome Vivian Maier começou a aparecer no mundo da fotografia e está em rumo a posição de um dos maiores ícones da fotografia de rua, junto com Bresson, Walker Evans, Doisneau, Robert Frank, entre outros.
Filha de mãe francesa e pai austríaco, Vivian Maier nasceu em Nova Iorque em 1926, mas viveu entre os EUA e a França até os 25 anos quando se mudou definitivamente para os EUA. Em 1956 se mudou para Chicago onde começou a carreira de babá, que durou 40 anos. Segundo algumas das famílias para quem trabalhou, Vivian era uma pessoa extremamente solitária e passava os dias fotografando pelas ruas. Nas palavras do dono da coleção:
“Ela era socialista, feminista, crítica de cinema e tinha uma personalidade forte. Aprendeu inglês indo ao teatro, uma de suas paixões. Ela usava jaqueta e sapatos masculino e um chapéu na maioria do tempo. Fotografava o tempo todo e nunca mostrou as fotos para ninguém.”
Com o passar do tempo, Vivian viajou pelo mundo tirando fotos e acumulou mais de 200 caixas de negativos. Também colecionava recortes de jornais e fitas de áudio de conversas com as pessoas que ela fotografava. No final da vida, já não conseguia mais trabalhos como babá e acabou morrendo em 2009, sem nunca ter visto a maioria de suas fotos.
Suas incríveis fotos são basicamente sobre a vida cotidiana, tanto de ricos quanto de pobres. Vivian era uma testemunha do seu tempo e do mundo ao seu redor e o seu senso de composição foi uma das coisas que mais me chamaram a atenção. Parece que ela já nasceu pronta para isso, pois nunca estudou formalmente a arte.
Atualmente só uma pequena porção dos 100.000 negativos que John Maloof adquiriu foram revelados, o que só deixa claro que a gente ainda vai ouvir falar bastante de Vivian Maier no futuro. Um livro sobre ela já foi lançado ano passado e um documentário está em fase de produção.
Para saber mais visite o site que Maloof criou para publicar as fotos. Vale a pena também ver esse pequeno e fantástico video que o Chicago Tonight fez sobre essa história. [Eu vi aqui]
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