26 junho 2011

Bem perto de Martin Schoeller

O fotógrafo Martin Schoeller clicou algumas pessoas famosas onde o foco está no mais importante: o olhar. A forma como ele te aproxima da pessoa fotografada é incrível! Arte pura, ao ponto de conseguir desviar a atenção evitando os comentários maldosos em relação a estética dos modelos.































Você não sabe quem é Martin Schoeller? Por anos seu estilo tem estado estampado nas revistas fotografando celebridades como o presidente Barack Obama, Angelina Jolie e Jack Nicholson com sua fotografia marcada por close ups, em geral retratos, com um traço peculiar e inconfundível. Numa entrevista, Martin conta como ele começou a seguir este caminho na fotografia e porque ele prefere chegar tão perto dos seus assuntos. Dá uma olhada.


A Técnica por trás de Martin Schoeller.

Quem são as suas influências?

Eu diria que minhas influências são Bernd e Hilla Becher, eles sempre trataram a fotografia como algo que permitia às pessoas compararem as estruturas das coisas, prédios e construções industriais, no caso da fotografia deles. Fotografia de vários e diferentes lugares e isso foi o que sempre me fascinou. No meu caso, a idéia de fotografar retratos que permitam a comparaçãoe que mostrem pessoas que seguiram diferentes caminhos na vida e que possuem diferentes bagagens culturais como pessoas iguais. Fotografando as pessoas técnicamente da mesma forma eu sinto que construo uma plataforma democrática que permite e convida os leitores à compará-las. Existem outras pessoas que eu admiro muito como August Sander e  Richard Avedon, principalmente pela maneira com que o trabalho deles me encoraja a focar basicamente no que significa um retrato sem se preocupar com como seu ‘modelo’ ou as outras pessoas vão reagir à esta fotografia. É uma relação de ser verdadeiro em relação ao que eu acredito e em relação ao meu trabalho.

Então você sempre fez retratos?
Sim. Na escola de fotografia nós tinhamos que fazer fotografia de moda ou stills, mas eu vim para Nova York no começo dos anos 90 e eu queria trabalhar com Annie Leibovitz ou Irving Penn. Eu até quis tentar com fotografia de moda, mas logo eu descobri que você tem que se importar e entender de roupas para ser um fotógrafo de moda. E na verdade isso não me interessa muito.



Porque tão grande?

Bem, você está falando dos closes? Isso foi algo que eu desenvolvi, ainda mesmo na faculdade, como se fosse uma necessidade minha. Eu não tinha nenhum problema, mas eu precisava (e acho que fotógrafos precisam, na verdade) de alguma intimidade, pois fotografando você está bem mais perto das pessoas (em vários sentidos) do que em outros momentos. Talvez isso seja um reflexo da minha personalidade, que pode se sentir confortável quando bem próxima de alguém.Eu sempre senti essa necessidade de mostrar a parte mais essencial e principal de uma pessoa, ficando bem próxima dela, descartando suas roupas e qualquer tipo de background. E eu nunca defini que seria assim, foi algo que aconteceu natural e intuitivamente ao longo dos anos.

Eu trabalhei para a Leibovitz por bastante tempo. E depois que eu resolvi seguir o meu caminho eu descobri que eu tinha pouquíssimo tempo para decidir as coisas com meus ‘modelos’, eu não tinha escolha de locação, eu não tinha chance de decidir o que eles iriam usar e eu não tinha escolha de nada na verdade. Foi quando eu decidi que pelo menos uma coisa eu teria escolha: Encerrar a sessão com uma foto que fosse justa. Que fosse estritamente sobre a pessoa e não sobre coisas, roupas ou locações que não tem nada a ver com elas.  Além disso, eu sempre notei que em retratos, e isso está ficando cada vez pior desde que comecei há 10 anos, há uma necessidade de fazer as pessoas parecerem bonitas e usar todo um jogo artificial para colocá-las num pedestal e celebrar sobre tamanha beleza. E o que eu tenho feito é um pouco diferente disso, eu tenho lidado com meus ‘modelos’ de um modo muito mais honesto e interessante pra mim. Não quero dizer que eu me vejo como um fotógrafo que tento fazer as pessoas parecerem feias, ou que realmente acredite que elas não sejam muito bonitas, basicamente eu apenas penso em tirar fotografias reais e fazer retratos como eles deveriam ser feitos. Mostrar uma pessoa pelo que ela é e como ela se parece na realidade, sem retoques profundos, sem truques de luz, distorções, lentes com ângulos malucos e sem jogadas baratas, apenas mostrar um retrato direto e honesto. E quando eu digo honesto, não quero que me entendam como uma pessoa pretenciosa, mas quero apresentar um trabalho que mostre algo mais parecido com a realidade. Há fotógrafos que se preocupam em criar coisas artificiais demais transportando os modelos para um mundo muito além do que eles são ou se parecem, na realidade.


Quão perto você precisa estar deles?

Eu sempre estou mais ou menos a um metro e meio de distância deles. Não preciso estar mais perto que isso, porque sempre estou usando lentes para me assegurar que não aconteça nenhuma distorção dos rostos. Eu uso uma câmera de médio formato e sempre os ilumino com luzes Kino Flos, elas se parecem luzes fluorescentes mas tem uma temperatura de cor Day light, bastante populares na indústria cinematográfica. E para o que eu faço elas são perfeitas, pois garantem o brilho necessário para enfatizar os olhos e os lábios, lugares de maior expressão na face de uma pessoa. Eu sempre tento direcionar meu foco para os olhos e os lábios e tornar todo o resto secundário. A verdade é que eu não estou simplesmente focando no rosto, eu estou mesmo é me concentrando pra deixar o máximo possível fora de foco.

Qual foi a primeira pessoa que você fotografou com este estilo?

Depois que eu parei de trabalhar com a Annie, eu fotografei todos os meus amigos. Eu tinha uma técnica de iluminação bem diferente naquela época. Eu estava mais era brincando, usando uma câmera 8×10 e um pouco de luz bem suave. Eu não permitia sorrisos ou nenhum tipo de expressão. As mulheres não deveriam usar maquiagem e os cabelos deveriam estar presos para trás. Era tudo muito mais rígido e muito mais alemão do que é hoje. Eu fotografei vários tipos de pessoas até que fiz amizade com o pessoal que tinha uma loja de esquina e eles me deixaram montar meu equipamento lá e ficar fotografando. Eu apenas escolhi o lugar porque a iluminação era boa e eu não fotografei nenhum famoso no começo, só famílias, pessoas desabrigadas, amigos, usuários de drogas, todos os tipos de pessoa, todas diferentes.


Quem foi o seu melhor modelo?

Eu sempre tenho esse tipo de pergunta, Quem foi seu melhor modelo, qual foi sua melhor foto. É muito difícil de dizer. Eu poderia citar o dia que fui para a Casa Branca quando Bill Clinton ainda era presidente e eu o fotografei para a The New Yorker, minha revista preferida. Mesmo passando apenas meia hora com o presidente dos Estados Unidos, foi uma situação inesquecível. Estressante e inesquecível. (peguei daqui e daqui)

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