25 agosto 2010

Herchcovitch dá consultoria de moda à Dilma Rousseff

A partir de hoje Dilma Rousseff veste Herchcovitch. Ou quase. O estilista paulistano Alexandre Herchcovitch, um dos mais renomados do Brasil, é, na verdade, o mais novo consultor de moda da candidata à Presidência. A notícia foi dada pelo próprio Alexandre Herchcovitch, que publicou hoje em seu twitter: "Saindo de BSB com ótimas lembranças e um desafio"

Ontem foi o primeiro dia de trabalho de Herchcovitch na nova função. O estilista, que também assinou o polêmico casaco que Dunga usou durante a Copa do Mundo, realizou uma primeira triagem no armário de Dilma e deverá enviar em breve sugestões de looks, peças, sapatos e acessórios. "Por meio de indicação de Celso Kamura, fui convidado por João Santana, a fazer uma consultoria de imagem ligada à moda somente para a candidata Dilma Rousseff. O trabalho começou na quinta feira passada, quando conheci a candidata", contou o estilista ao Grupo Estado. "Conversamos durante meia hora e propus a formação de um guarda-roupa intercambiável onde com muita simplicidade e praticidade Dilma poderá se vestir de agora até as eleições.", continuou o estilista, que deve manter entre as opções tons e peças que valorizem o tipo físico de Dilma.


Entre os eleitos, devem entrar cores claras, sóbrias e contemporâneas, que devem afastar a fama de ’fã de babados e cores exageradas’ que Dilma ganhou há alguns meses. Nos últimos tempos, o visual da candidata já passava por visível transformação, com a inclusão de peças e tons mais sóbrios. O desafio de Herchcovitch será equilibrar o gosto pessoal de Dilma, como looks em vermelho, com um visual arrojado e clássico ao mesmo tempo.


Dilma, em conversa com a imprensa ontem, também havia afirmado que ela não iria trocar seu guarda-roupa mas sim "acrescentar peças novas a ele". Herchcovitch, que desfila as coleções da grife que leva seu nome na São Paulo e na New York Fashion Week, confirmou: "A ideia não é mudar o estilo da candidata e sim mantê-lo e aperfeiçoá-lo. Mesclarei peças já existentes em seu guarda-roupas com peças desenhadas por mim e outras peças de marcas brasileiras. O figurino é coadjuvante e passará despercebido." (AE - Flavia Guerra - São Paulo)

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Gosto de saber que profissionais estão trabalhando de verdade, no que eles realmente tem que trabalhar. É bom saber que não é o marketeiro, ou uma amiga, ou o Lula quem está opinando nas roupas da candidata.

Ps. Não estou fazendo campanha, ok?!

19 agosto 2010

01 agosto 2010

Nosso maior direito - Texto Danuza Leão



VOCÊ JÁ PENSOU na maravilha que é pensar? Poder pensar? Por que maravilha? Nem sei como explicar, mas ter consciência de que se está pensando é extraordinário; quantas vezes na vida você se deu conta de que estava pensando e na liberdade que se tem quando se pensa?

Pensar nos leva de um deserto na Mongólia ao palácio de um rei, do sofrimento mais doloroso à mais escandalosa das felicidades, do ódio à paixão, da descrença à mais profunda fé, até da doença à saúde - e vale o vice-versa.

Pensar: o maior privilégio que alguém pode ter. As guerras, as revoluções, as obras de arte, os filmes, os livro, tudo, absolutamente tudo, só existe porque um dia, em algum lugar, um homem pensou, e há quem afirme que a força do pensamento pode até fazer com que as coisas aconteçam. Todas não sei, mas algumas, com certeza.

É divertido pensar; quando se pensa não há censura, nada é pecado, proibido ou contra a lei. Talvez seja, verdadeiramente, a única liberdade total que se tem.

Muitas pessoas talvez nunca tenham prestado atenção em seus próprios pensamentos: pois deveriam. Essa prática por ser melhor do que muitos filmes e muita conversa fiada, mas difícil, para quem não está acostumado. Você sabia que há muita gente que passa a vida inteira sem se dar conta do privilégio que é poder pensar?

Uma maravilha e também um perigo: basta que se fique "pensativa" para que alguém pergunte "o que você tem? Está pensando em quê?"

Nada desestabiliza mais um grupo do que perceber que uma das pessoas está longe, pensando.

Pensar é perigoso; é pensando que se descobre que a vida não está boa mas pode mudar. que o país vai bem mas poderia ir muito melhor, é pensando que se pode transformar nossa vida e o mundo.

Nelson Mandela disse que tinha saudades do tempo que passou na prisão, porque preso ele tinha tempo para pensar. No nosso dia a dia, quando sobra um momento para se estar só, inventa-se imediatamente alguma coisa para fazer, para evitar o perigo maior que é pensar.

Ninguém - ou pouquíssimas pessoas - está completamente feliz com sua vida pessoal, seus amores, seu trabalho. Mas durante a novela ninguém está pondo em questão se poderia fazer alguma coisa para ser mais feliz. Será que os altos homens de negócios já pararam para pensar se vale a pena trabalhar tanto se não têm tempo para gastar o dinheiro que já têm? E para que mais dinheiro? Para ter mais cinco pares de sapato, três bolsas, 12 camisetas? É muito bom ter um carro do ano, mas se ele fosse de 2007 seria tão diferente?

Essa mania de acumular, para deixar uma herança para os filhos, isso no fundo é um problema político. Todos sabemos que em alguns países a educação, a saúde e a aposentadoria são garantidas para toda a população, que sem precisar se preocupar tanto com o futuro, viva mais feliz - com menos frescuras, mas com mais alegria.

Está vendo no que dá, pensar?

Pensar é perigoso e subversivo, uma coisa é certa: quem não pensar apenas faz o que os outros mandam: usam a bolsa da mesma grife porque inventaram, começaram a fumar e deixaram de fumar porque inventaram, e  correm o risco de voltar errado porque inventaram que quem tem carisma poder ser um bom presidente.

Quem não pensa não escolhe, são as escolhas que poder mudar o mundo. (Texto publicado na Folha de São Paulo - 25/07/2010)